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Aqui você encontrará textos e crônicas referentes ao universo psicológico daquele que é a mais extraordinária das criaturas: o ser humano.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

VENCENDO O MEDO SER VOCÊ MESMO


Quando uma pessoa muda o seu modo de pensar e agir, ela começa a perceber também uma mudança na maneira como as outras pessoas a veem.  Na verdade existe uma convenção, ainda que velada, nas relações interpessoais onde cada um recebe um script a ser rigorosamente seguido.  Já disseram que a vida é um grande palco teatral onde as pessoas representam papéis bem definidos pela sociedade, pelos espaços sociais ou comunitários, pelo ambiente familiar nos quais estão inseridos e participam efetivamente etc. Geralmente, nessas relações, não há espaço para improvisações.  O roteiro predefinido deve ser seguido invariavelmente. Qualquer mudança na “fala” de um dos componentes desse grande elenco pode fazer desandar a “apresentação teatral”. Isto, porque no palco da vida, diferentemente das literais peças teatrais, os seus atores não estão devidamente preparados para lidarem com os improvisos, com o imprevisível, com o diferente, com a mudança no script.


Por isso, quando uma pessoa resolve deixar de representar papéis que ela mesma não escreveu, quando ela deixa de ser “dirigida” por forças externas que a condicionam a não ser ela mesma, é praticamente inevitável que ela se depare com resistências, com conflitos e até mesmo, sentimentos de medo e insegurança que obstam e visam manter a “ordem natural das coisas”. Isto quer dizer que além das resistências naturalmente encontradas no outro, seu maior desafio consiste em transpor as suas próprias barreiras interiores.


Cabe a cada um decidir ser; resolver viver; renunciar a falsa paz, a falsa harmonia; dar lugar a intermediação do “desassossego” da alma, da turbulência das emoções que desembocam na serenidade da coerência e da verdade, na harmonia de ser, no verdadeiro sentido da vida, no reconhecimento da própria identidade, no descobrimento de que a verdadeira felicidade não está no “mundo do faz de conta”, mas no real encontro consigo mesmo.  Viver sem posicionar-se, sem poder dizer o que pensa e sente não é viver.  É estar impedido de ser; é impedir a si mesmo de viver.


Quando uma pessoa resolve ser ela mesma posicionando-se de forma autêntica diante de si mesma e do seu interlocutor, essa provocará neste, provavelmente, sentimentos e atitudes imediatas de inadequação àquela nova realidade e de rejeição.  Nesse caso, o “eu” verdadeiro que estava oculto pelas razões mais diversas, surge como um intruso, como uma variável inconveniente.  Na verdade, muita gente não sabe como reagir diante do inesperado, do improvável, do script alterado.  No entanto, o desconforto óbvio gerado no outro não ocorre em si mesmo, muito pelo contrário, apesar das sensações preliminares de medo e insegurança, o desvelamento do eu traz a reboque uma inconfundível sensação de bem estar, uma inigualável certeza de que valeu a pena.


Para muitas pessoas esse não é um caminho fácil de percorrer.  De fato, não é.  Mas, é um caminho inevitável ao crescimento. Esta é uma rota difícil, mas necessária.  Não há desvios, não há atalhos, não há “jeitinhos”.  No entanto, não é preciso percorrer este caminho sozinho. Uma ajuda externa pode ser fundamental, ser facilitadora para dar suporte e apoio nas crises oriundas das novas descobertas e das possíveis inadequações as novas realidades. Um acompanhamento psicoterapêutico é essencial nesse processo de mudanças radicais e indispensáveis.